terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Livros


Organizando minha biblioteca por países, percebo como a Europa e a América Latina estão bem representadas, e como a África e a Ásia andam carentes por aqui. Claro, a dificuldade de ler nas línguas originais daqueles continentes e a falta de traduções ajudam a explicar isto, mas não justificam. Estou aceitando doações, presentes, subornos e similares de autores africanos e asiáticos, especialmente de africanos lusófonos e de chineses ou persas.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

O mais longo dos dias



Alanismo também é poesia. Esta é pelo fim do malfadado horário de verão:



Ela estendeu um cordão de luz sobre a avenida cinzenta

E tinha nos cabelos perguntas leves, grampos de anil

Esperou um ônibus que voasse, tomou coragem

Deixou migalhas de pão para os cachorros entediados

(Oh, correr na madrugada imensa com as mãos em chamas)

Na velocidade pensava melhor, no movimento relaxava

E o mundo passando em azul era o grito que faltava

Foi assim que ela viu

O nascer do sol nos olhos do amante desconhecido

Os feixes de tempo que unem o que é e o que está sendo

Os dedos percorrendo as partituras da sinfonia invisível

O dia de vinte e cinco horas que começava

E se desdobrava por dentro dela em pétalas elétricas


domingo, 17 de fevereiro de 2008

Elitistas e deslumbrados

O elitista diz: se faz sucesso, não serve par mim. O deslumbrado diz: se faz sucesso é porque é bom. O Alanismo diz: A qualidade e a intensidade da experiência estética não têm relação direta com a divulgação e a recepção da obra. Sejam os Beatles, seja o Violeta de Outono, o quanto são consumidos e assimilados é irrelevante para quem quer levar a experiência estética a sério. Quanto vendeu ou deixou de vender é problema da gravadora, da editora, etc. O problema de quem tem a experiência estética é a fruição da obra, em todos os seus níveis. O impacto que ela tem ou não na sociedade é apenas um deles.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Clepsidra


Uma das bandas mais interessantes do Guamá, de Belém e do mundo é o Clepsidra. Renato Torres e Maurício Panzera, eméritos guamaenses, desnvolvem sua verve neste projeto que une o melhor da tradição da canção popular paraense e brasileira com uma pegada de rock e alguns experimentalismos. Dá pra escutar o som deles aqui.
Essa é uma canção nova da dupla, com temática guamaense:

Guamá

caminho rente à chuva
noite turva sem par
o Guamá afunda surdo
e tudo quer sussurrar
e tudo quer prosseguir
a ruir pelos bueiros
arroios dos sorrateiro
sermos do bairro antigo
subúrbio danado a gente
valentia das frontes cegas
ungidas na regra bruta
a de sermos combalidos
à canalha em desterro
a primazia do erro vão
de ser cão sem amizade
e da vontade obscena
de viver sem exceção

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

O Autor

Eu, como todos sabem, sou eu mesmo. Fundador, sacerdote e membro único do alanismo.

O Alanismo

Sistema filosófico que inclui metafísica, política, epistemologia, ética e estética, além de estudos sobre futebol, sinuca, tecnobrega e gastronomia. Será revelado aos poucos, neste mesmo espaço, para vosso deleite.

O lugar do autor

Nascido no bairro do Guamá, na cidade das mangueiras e da chuva. Atualmente ouvindo música em algum ônibus na cidade mais importante do sul do país.

O Guamá



Vamos falar de bairrismos, vamos falar do Guamá: o bairro da fina flor da intelectualidade paraense. Terra de homens cabeludos, altos e magrelos e de mulheres baixinhas e de personalidade forte. Terra de artistas e de gente empreendedora e valente. O subúrbio mais central da cidade das mangueiras, o mais visceral, o mais hermético. Toda esse gente talentosa que estudou no Madre Zarife, no Padre Leandro, Frei Daniel e em outros colégios públicos, com ou sem freiras. Toda essa gente que ficou ou que saiu para decifrar o enigma do mundo. Este espaço é meu e é nosso. Este espaço é todos os espaços juntos, e servirá para isso: ampliar a percepção sobre o verde vago mundo. Sugerir caminhos, ouvir dicas, propor descobertas e presepadas no mundo das artes, da cultura, da vida, da sinuca enfim. Para quem é guamaense e para quem um dia será.