segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Bússola ideológica


Ano de eleições, lá vamos nós atualizar nossas convicções ou a falta delas. Interessante gráfico encontrei neste site aqui. A velha polarização direita x esquerda (eixo econômico) vem atravessada por outra que para mim é mais relevante: autoritário x libertário (eixo social).

Meu resultado: centro-esquerda bastante libertário, o mesmo do Dalai Lama e do Ghandi. Gostei. Façam o teste e confiram.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Parte 3


Criticar de maneira generosa e bem intencionada uma pessoa ou um lugar que se gosta é um ato de respeito. Dizer “olha, não tratem tão mal os negros e os outros brasileiros” é querer que este lugar fique mais humano, mais bonito. E um modo de dizer sim, estou aqui, sou feliz aqui, mas continuo sendo essa maquininha de pensar, esse olhar inquieto, esse nômade incansável. Não é porque eu te acho arrogante que eu não vou gostar de ti.

Diferentes Arrogâncias II


Engraçado os gaúchos reclamarem de uma coisa que é tão forte, inclusive aqui: a pele escura. O Rio Grande é um estado lindamente mestiço, cheio de gente de todas as cores pelas ruas, com essa diversidade que os tornou um povo tão bonito física e espiritualmente. Só que muitos preferem não ver isso, preferem fingir que os outros são os mestiços e aqui estão os “puros”. Preferem ignorar toda a beleza e a alegria que a presença dos negros e dos índios traz. Como diz Vítor Ramil: “Que triste foi a escravidão, mas que triste um povo que não tem negros”.

Quanto à tão propagada preguiça dos outros, devo dizer que aqui conheci e convivo com tanta gente preguiçosa quanto convivi em qualquer outro lugar do país. Gente legal, gente idiota, gente passional, enfim, todos os tipos humanos que se encontra em qualquer capital brasileira. Nem mais, nem menos, apenas a necessidade deles de se afirmar como trabalhadores, que é como eles concebem que seja o ocidental. Coisa da colonização provinciana que receberam dos alemães e italianos, assunto já tratado aqui.

Por último, a questão da aparência. São mais bonitos e mais vaidosos que os outros brasileiros, isso é inegável. Muito por causa da mestiçagem e da raça negra, que eles tanto esculhambam. O fato é que aprendi muito sobre cuidar da aparência por aqui, e tento me adaptar. A aparência é um valor forte, e ir contra isso em terra alheia não seria sensato. Diferente do racismo e do “trabalho”, que questiono veementemente, em relação ao quesito aparência eu humildemente sigo as convenções, observo e aprendo. É que o racismo e a calúnia insensata são degradantes para o ser humano, e cuidar da própria aparência (desde que isso não seja usado para diminuir os outros) não.

Diferentes Arrogâncias


I

Gosto muito do Rio Grande do Sul e da Argentina. Me identifico com muitos aspectos da cultura dos Pampas e admiro sobretudo que aqui haja artistas do calibre de um Vítor Ramil ou de um Spinetta. Por isso me permito fazer algumas críticas, do ponto de vista de quem vem de fora, mas já conhece a região o suficiente para essas coisas.

São duas terras arrogantes, é evidente, mas de arrogâncias diferentes. A arrogância Argentina tem em comum com a gaúcha a questão racial, e o fato de se acharem mais próximos do mundo ocidental que os “brasileiros”. Aí começam as diferenças. “Ocidental” para um argentino tem a ver com cultura e civilização, com pensamento, com um projeto de sociedade calcado em valores humanistas. Para um gaúcho os valores ocidentais passam pela dicotomia trabalho x preguiça, na qual eles imaginam representar o primeiro elemento, deixando aos demais brasileiros o desonroso segundo. Além disso, enfatizam o cuidado com a aparência, em detrimento do desleixo e do espontaneismo predominantes nos outros estados.

Para um argentino médio o brasileiro é bem-humorado (no sentido positivo da coisa), tem a pele escura, é um tanto inculto e – surpresa – próspero e trabalhador. A dicotomia trabalho x preguiça não faz parte do imaginário deles, que adoram conversas filosóficas e literárias nos cafés de Buenos Aires, deixando o tempo ter seu próprio tempo. Uma arrogância densa, introspectiva, intensa e discreta, passional e melancólica como a música deles.

Já para o gaúcho médio o brasileiro tem a pele escura, é feio, preguiçoso e desleixado. Já se vê que não andamos em alta por aqui. Mas há um elemento que equilibra o tipo de arrogância gaúcha: o bom humor. São muito bem humorados, como qualquer brasileiro, o que confere à arrogância deles um caráter não tão ríspido. Também são, paradoxalmente, muito receptivos e hospitaleiros com os forasteiros. Algo como “Não é porque eu te acho inferior que eu vou te tratar mal, tchê”. Uma arrogância extrovertida e simpática, enfim, e para quem é do mundo do rock como eu, uma vantagem adicional: aqui o rock é mais presente, mais visceral, mais entranhado no modo de ser das pessoas do que no resto do país. Isso sim uma vantagem, não essa balela provinciana de “gente trabalhadora, gente preguiçosa”.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Alanos em guerra


Alanos do mundo inteiro acompanhamos apreensivos os movimentos de Guerra em nosso território. A Ossétia do sul, país alano anexado pela Geórgia e pretendido pela Rússia, que já controla a Ossétia do norte (a Alania por excelência), chama a atenção do mundo nesta época de utopia olímpica. O ideal seria uma Alania independente tanto da Rússia como da Geórgia, mas fortes relações comerciais aproximam nosso país do gigante russo. Será a diplomacia capaz de atuar e dar uma resposta pacífica a este impasse?

domingo, 3 de agosto de 2008

Gotas de ideologia

Durante muito tempo achamos que o capitalismo era o inimigo. Bobagem, os inimigos sempre foram os mesmos: os reacionários. O capitalismo não é bom nem mau, é como os remédios: depende de como se usa. Pode criar uma Suécia ou uma Bolívia. Os reacionários, estes sim, estão por aí arrotando sua arrogância e sua intolerância, fedendo a mau humor e tentando congelar o mundo.

O problema não é ganhar dinheiro (ganhar dinheiro honestamente é muito bom). O problema é perder a lucidez, a gentileza, a curiosidade, o tesão pela vida, o respeito pelos outros.

Discordando um pouquinho

Corro o risco de escrever besteira, pois vou tratar de um universo que não me é familiar. Em caso afirmativo, vale pelo menos pela curiosidade. Aviso de antemão: filmes de ação me fazem dormir. Perseguição de carros e tiroteios para mim são as coisas mais tediosas que se pode pensar em colocar no cinema. O que me seduz é a trama, a atuação, a trilha, e as leituras que se pode fazer de um filme. O movimento das idéias e das emoções mais que a velocidade dos corpos.

Pois vamos ao Batman. Pelas razões expostas acima, ano passado assisti pela primeira vez na vida um filme dele: Batman begins. Gostei bastante, me lembrou quando eu lia os quadrinhos do Frank Miller. Empolgado, fui então ver o novo Batman, e tive que me esforçar bastante para não dormir. Lembrem-se, sou leigo em ação e não me empolgo com efeitos especiais. A discussão sobre o crime e sobre o que a cidade precisa me pareceu simplesmente piegas. Ou seja: o filme não me divertiu nem me fez pensar. Me sobrou o Coringa, realmente uma performance brilhante. Cada vez que ele saía de cena e dava lugar ao inexpressivo Duas Caras e sua namoradinha insossa o filme despencava.

Claro, há questões interessantes que com boa vontade podem ser levantadas a partir do filme, há toda uma produção bem realizada, mas duas horas e meia daquela lenga-lenga foi demais. Que cortassem uma hora de filme e deixassem só o Coringa brilhar, com umas pitadas de Alfred e de Morgan Freeman, aí sim teríamos um belo filme para as massas e para mim também, que afinal nada tenho contra as massas. Nada tenho contra a diversão, desde que seja de fato divertida. Não gosto da postura arrogante de quem tem prazer de detestar algo que o grande público adora, só pra ficar se achando superior (Ver post sobre deslumbrados e elitistas).

Quando li que se chamava Cavaleiro das Trevas achei que era o do Frank Miller, mas não era. Quem sabe se um dia de fato filmarem este quadrinho clássico eu volte a me empolgar com o homem morcego.