quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Amor Livre




Amigos paraenses, ainda se pratica por aí o amor livre? Lembro que nos anos 90 se lia Roberto Freire, se falava como era careta querer exclusividade, como éramos descolados e modernos. Ninguém é de ninguém, ame e dê vexame, ciúme é apenas vaidade... Eu era jovem e confuso, me sentia culpado por não conseguir entender nem viver o amor livre. Queria uma namorada que ficasse só comigo, suprema caretice.
Não sei a quantas anda a coisa por aí, mas aqui no sul essa história nunca colou. Aqui vale o pragmatismo: amor livre na mulher dos outros é refresco. As pessoas não têm vergonha de querer exclusividade, sentir ciúme e fazer perguntas. Há uma distinção clara entre estar e não estar namorando, coisa que em nossa fluidez amazônica mal percebemos. Somos líquidos, não categorizamos tanto as coisas, vivemos os momentos, somos espontâneos. O problema é o seguinte: e os tímidos? E os que não conseguem conquistar as mulheres com tanta facilidade, como ficam no amor livre? Como eu ficava: perdidos, deslocados, sem entender bem o que acontecia.
Tímidos paraenses, esta é minha mensagem: não é pecado sentir ciúme (desde que não seja doentio!), não é errado querer namorar uma pessoa só. Não devemos dar ouvidos ao moralismo tradicional nem ao moralismo do amor livre. Amor é uma coisa muito pessoal: não há regras, não há um caminho único para toda a humanidade. As pessoas funcionam e amam de modos diferentes, não devemos sentir vergonha por ser como somos. É óbvio: quem não é bom na conquista, investe na profundidade e na complexidade do relacionamento. Quem é bom na conquista, fica se divertindo com ela e tem vantagens no amor livre. Cada um na sua, todos curtindo o delicioso Baré tutti-frutti com bolacha cremi cráquer.
Ah, tivesse eu pensado tudo isso quinze anos atrás!




.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Somos Geisy?

Pois o caso Geisy, ao invés de suscitar debates interessantes sobre os direitos individuais e o fascismo cotidiano, acabou virando um oba-oba sobre celebridades instantâneas. Resolvemos tudo bem à brasileira, com a futilidade predominando sobre a reflexão. Sim, acho que somso todos Geisys mesmo, jecas, deslumbrados e superficiais.


.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

NIT


Descobri na internet o N.I.T (brincadeira com Nietzsche), grupo misterioso de torcedores do Fluminense que se declaram nietzche-rodrigueanos. A sigla quer dizer Núcleo de Inteligência Tricolor, e muita gente boa faz parte. Será que existem outras associações parecidas em outros clubes? Eu, que perdi a fé no futebol, procuro uma luz. Um time que faça da filosofia sua aliada chama minha atenção. Cansado da paixão cega dos torcedores comuns, busco algo mais, algo que venha com bom humor e inteligência. Pesquisarei mais, mas por enquanto sou candidato a tricolor. E das laranjeiras.

.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Buraco sem fundo



Amigos, o que está acontecendo em Belém? Outro bizarro episódio de nossa grotesca política está causando furor na mídia nacional. O prefeito da metrópole da Amazônia, criminoso reconhecido desde a época do diploma falso de medicina, parece que está sendo derrubado para dar lugar ao primo do Jader, é isso? Por Odin! Esta nossa terra nos dá um desgosto atrás de outro. Ainda bem que não vai ter copa do mundo para nós, seria uma vergonha mundial. Estamos há anos luz de ser uma democracia efetiva, na verdade estamos bem perto da idade média.
Se eu fosse Lúcio Flávio Pinto já teria me mandado para a Itália. Égua!




.







domingo, 6 de dezembro de 2009

Bola murcha



O que é preciso para ter paixão por um time de futebol? Estar no campo, sentir-se parte de um organismo forte e vigoroso chamado torcida? Atribuir um significado mágico e glorioso a uma camisa, uma cor, um símbolo?
Em que esquina do caminho eu perdi isso tudo?
Quando a racionalidade começou a invadir sorrateiramente o mundo da paixão, e encher de perguntas um texto que antes só continha exclamações?
Quando a consciência do salário deles ficou tão importante?
Não sentirei eu falta de sentir dor e alegria legítimas por um time, ao invés desta curiosidade descompromissada?

Claro que não, né, mané!
Eles não pagam minhas contas no fim do mês nem têm nada a dizer sobre o filme da Coco Chanel. Eles não conhecem Dostoeivski, não assoviam canções do Echo & The Bunnymen nem me conseguem uns dias a mais de férias.
Estar cético sobre a paixão futebolística no Brasil é como ser ateu em um país ultra-católico como o México. É interessantíssimo! Revoltar-se contra a igreja no Brasil não é nada, eu quero ver é um homem adulto admitir que não se interessa por futebol. Esse sim merece meu respeito.



.