sexta-feira, 30 de julho de 2010

O indivíduo, não a sociedade


Princípio fundador do Alanismo: o indivíduo é mais importante que a sociedade. A pessoa tem o direito, na verdade o dever, de compor sua identidade levando em consideração o meio cultural ao qual está exposta, mas com a liberdade de questioná-lo e ir buscar em outras fontes elementos que lhe interessem. Nascimento não é destino. O que importa não é de onde viemos, mas para onde vamos.
Assim, eu sendo de Belém posso me identificar mais com a cultura de Buenos Aires, e me apropriar dos elementos interessantes de lá. Claro que não tendo nascido e sido criado lá, necessariamente vou acrescentar a esta escolha minha criação amazônica, mas esse é o charme e a excitação de escolher seus próprios caminhos. Se a milonga me diz mais que o samba, é um direito meu. É um sentimento, uma afinidade. Se o rock me toca mais fundo que a bossa nova, ele é quem vai me compor. E se eu quiser mergulhar na literatura russa e no cinema da Escandinávia, ali mergulharei, e eles serão parte da bagagem invisível que carrego no mundo.
Os regionalismos me interessam apenas em perspectiva. O norte e o sul são apenas pontos de referência, mas meu território é bem mais amplo: é o mundo inteiro, é o que eu conseguir percorrer. Identidade é algo para ser sacudido e pendurado ao vento, e cada um de nós tem um mundo de possibilidades a escolher. Angustiante e excitante, como a vida.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Argentina na vanguarda de novo


Já falei bem da Argentina, mas vou ter que repetir. É que eles são, a partir desta semana, o primeiro país da América Latina a legalizar o casamento gay. É isso aí, chega de hipocrisia e falso moralismo. O homossexualismo sempre existiu, e temos que lidar com o assunto de maneira adulta e democrática. Que o Brasil seja o próximo pelo menos, já que perdemos o primeiro lugar para eles. 


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sábado, 3 de julho de 2010

Viva a Argentina, sempre

Claro que fiquei feliz com a eliminação da Argentina na copa. Mas como esporte é esporte e vida é vida, lembro que na vida real somos muito mais próximos deles do que imaginamos. Política, geográfica e economicamente estamos próximos da Argentina. Eles têm uma literatura maravilhosa, uma música popular forte e vibrante, que vai muito além do tango: milongas, chacareras, chamamés, zambas...sem falar no rock deles, que desde os anos sessenta mostra consistência, variedade e profundidade. De cinema eles também entendem muito, e de gastronomia idem. O sistema de educação deles deixa o nosso no chinelo, e Buenos Aires é muito mais charmosa que qualquer capital brasileira.
Pena que não teremos a final de copa dos sonhos entre Brasil e Argentina. Nos resta torcer para o simpático vizinho Uruguai, e lembrar da sabedoria dos gaúchos, que conseguem um equilíbrio entre esses dois grandes países, como prova a canção de Wilsom Paim:

São duas pátrias festejando nesta dança
Repartindo a mesma herança, comungando a mesma rima
Disse o Sidinho que o Uruguai beija os nubentes
Une o casal continente, pai Brasil mãe Argentina



sexta-feira, 2 de julho de 2010

Ainda Dunga

Por questão de coerência, continuo apoiando meu vizinho Dunga. Ele montou um time competitivo, organizou a zorra que estava, cancelou os privilégios da Globo. Só isso já é um grande feito: tratar a Globo como um órgão de imprensa a mais, que não merece regalias só por ser mais poderosa. Além disso, ele ganhou a Copa América, a Copa das Confederações, e foi muito bem nas eliminatórias.
Tudo bem, não levou alguns grandes jogadores, mas a vida é feita de escolhas. E perdeu para a Holanda, um dos melhores times do mundo. Se tivesse vencido teria virado herói, mas como perdeu será execrado publicamente. Somos volúveis assim.
Dunga, Lúcio, Júlio César, Elano e outros tiveram uma grande copa, e devemos nos orgulhar deles. Há vitórias e derrotas na vida, mas o que importa é vencer ou perder com honra, e isso nós tivemos. Perdemos lutando até o fim.
Game over, voltamos à vida real e ao nosso longo e monótono campeonato brasileiro. Acho que vou me dedicar mais aos livros, filmes e música agora...

Viva a Argentina


          Amigos de Belém, tenho uma pergunta: há torcedores da Argentina por aí? Digo, brasileiros que torcem pela Argentina? Aqui no sul há alguns, e hoje eles estão bem felizes. Geralmente são pessoas que se acham européias, de sangue italiano. São bem reacionários e têm nojinho do Brasil por ser uma terra de gente preguiçosa e de pele escura.
            Provavelmente nunca leram Borges nem Roberto Arlt, não sabem o que é um bife de chorizo, não se deleitam nas livrarias da Avenida Corrientes, nunca ouviram uma canção de Luis Alberto Spinetta. Não é uma identificação com a cultura do país. É apenas uma afirmação da “raça” branca como superiora, e do mestiço como sujo. Algo que deixaria os próprios argentinos bastante surpresos, e que lhes causa gargalhadas quando descobrem. “Brasileños que hinchan por Argentina, ¡que boludos!”.
            São uma minoria, felizmente. A maioria ou não se interessa por futebol, ou torce pela seleção como nós, e não tem problemas com nossa mestiçagem tão latina.
            E aí no Norte, existem torcedores “do contra”? E qual seriam os motivos deles, já que ser “morenos” para nós nunca foi problema?



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