segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A Seleção Uruguaia



Ter de um país inteiro a impressão superficial e alienante do futebol é uma grande limitação. Aqui neste blog estou montando minha seleção uruguaia, na qual não há jogadores. Há gente brilhante que ajudou a transformar este pequeno país em uma potência cultural em nosso continente. Sentem-se, tomem um mate, sintam o cheiro de uma bela parrillada e fiquem à vontade.
            No gol, defendendo todas, está Alfredo Zitarrosa, o maior cantor de milongas do mundo. Na zaga, sólida e barulhenta, tocam Pepe Guerra e Braulio Lopez, brilhantemente auxiliados por Daniel Viglietti. Um defesaço. Fazendo a ponte entre eles e o meio de campo vai o charme e a bela voz de Ana Prada.
            Meio de campo: Mario Benedetti, Eduardo Galeano, Juan Carlos Onetti. Quem já leu alguma coisa desse trio da pesada sabe do que estou falando.
            Ao ataque: Jorge Drexler, Jaime Roos e o artilheiro Ruben Rada, o rei do candombe. Nosso goleiro Machado de Assis vai ter problemas com esse ataque. Encerro com um significativo poema de Mario Benedetti chamado “A Ponte”, porque estou farto das falsas divisões e rivalidades banais do futebol. Quero mais pontes, quero mais mundo.
EL PUENTE
Para cruzarlo o para no cruzarlo
ahí está el puente
 en la otra orilla alguien me espera
con un durazno y un país 
traigo conmigo ofrendas desusadas
entre ellas un paraguas de ombligo de madera
un libro con los pánicos en blanco
y una guitarra que no sé abrazar
 vengo con las mejillas del insomnio
los pañuelos del mar y de las paces
Ias tímidas pancartas del dolor
las liturgias del beso y de la sombra
 nunca he traído tantas cosas
nunca he venido con tan poco
 ahí esta el puente
para cruzarlo o para no cruzarlo
yo lo voy a cruzar
sin prevenciones
 en la otra orilla alguien me espera
con un durazno y un país

                   (De Preguntas al azar – 1984-1985)

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Festa uruguaia em Porto Alegre


Hoje em dia não temos uma banda dessa envergadura no Brasil. Com essa qualidade de música e letra, com um estilo próprio, desenvolvido ao longo de anos, com essa pegada. Estou falando dos uruguaios do Cuarteto de Nos, que após uma sólida carreira de quase três décadas e 12 discos lançados, tocaram pela primeira vez no Brasil ontem. Porto Alegre teve o privilégio de os receber, e nós de estar na platéia.
            A abertura dos Cartolas foi muito boa, mas a noite era do Cuarteto. Com a garra e a entrega comuns às bandas uruguaias e argentinas, eles já entraram “jogando em casa”: o público sabia todas, eu disse TODAS as letras, e berrava junto enlouquecido, com destaque para as clássicas da banda, e as do disco que os lançou internacionalmente em 2006, “Raro”. Bendita seja a internet, que nos permite ter acesso a esse tipo de coisa.
O espanhol, definitivamente, não é língua estrangeira, e Montevideo é mais uma capital brasileira. A ironia ácida das letras, a inteligência e a sutileza foram muito bem captadas pelo público de alto nível que compareceu ao show. A empatia com a brava nação uruguaia era evidente. Deu orgulho de morar nesta cidade, e sentir que nem só de porcaria vive o rock atual. O Cuarteto não é só a melhor banda de rock em atividade no Uruguai, é uma das melhores da América latina. Quem perdeu o show, dê um jeito de ouvir os caras com urgência. Podem começar por aqui:

http://www.youtube.com/watch?v=y9LlnLTH87U
http://www.youtube.com/watch?v=rBJrvBxNHnc

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Astrologia é racismo


            
Os astrólogos estão confusos com a possibilidade de inclusão de um novo signo no zodíaco. Tudo mudaria, todas as certezas seriam abaladas. Quem era leão viraria touro, quem era peixes agora seria áries.
            Podemos aproveitar esse momento para refletir o quanto a astrologia é uma viagem, sem fundamento científico algum, e potencialmente perigosa. Um emaranhado de generalidades completamente arbitrárias que levam a supostas conclusões sobre a personalidade das pessoas de acordo com a posição dos astros no momento do nascimento. É divertido? Para alguns, pode ser. Mas na prática, quem leva a  astrologia a sério está agindo exatamente da mesma forma que os racistas e homofóbicos. Se do mero fato de que alguém nasceu em um signo podemos tirar conclusões a priori sobre as atitudes dessa pessoa, isso é o mesmo que dizer que alguém é assim ou assado porque é negro, porque é gay, porque é de tal e tal lugar.
            Enquanto passatempo de criança, a astrologia é engraçadinha. Mais que isso, é melhor acender o sinal de alerta, ou podemos ser atropelados por uma lua em capricórnio, uma estrela cadente em sagitário ou um sol em libra. 


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Vamos acodar, emergentes!



Neste país, uma das atitudes mais criticadas parece ser a de “posar de intelectual”. Dizer que não gosta de novela nem de big brother, que não ouve funk nem sertanejo, tudo isso pega muito mal: “metido a intelectual”, apontam o dedo na cara de quem ousar contradizer o gosto da maioria.
Acho que está na hora de sermos menos condescendentes com o senso comum. Não é vergonha nem pose forçada querer qualidade, querer sofisticação, querer lidar com produtos elaborados por gente que realmente domina o que faz. Se fazemos tanta questão de consumir produtos de qualidade em outras áreas, notadamente nos objetos, acessórios, roupas, o que nos impede de ser exigentes em relação aos produtos artísticos e midiáticos que consumimos?
            Se quero sapatos, computadores e celulares de qualidade, também quero livros, filmes, programas de TV e música de primeira. Se vou comprar um belo carro importado, no meu som vai rolar Beethoven, não vai ter sertanejo. Se meus óculos são caríssimos, é com eles que vou ver filmes e programas que não me tratem como idiota.
Nós, brasileiros, frequentemente nos contentamos com pouco em termos culturais. Agora que chegamos à classe C, que temos mais poder de consumo, está na hora de nos posicionarmos à altura. De começarmos do mais básico: perder o medo dos livros, pensar se realmente queremos ouvir exclusivamente músicas simplórias falando de amor e de festas, arriscar ver filmes um pouquinho mais elaborados. Não adianta chegar a um certo poder aquisitivo se nossos hábitos, nossa mentalidade e nossa (falta de) ética continuam lá em baixo.
Emergentes e vindos do subúrbio, sim, não temos como negar nossas origens. Ficar acomodados na mediocridade, jamais. 


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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Novas Atividades


Caros leitores, andei algum tempo ausente cuidando de assuntos familiares e me dedicando à minha nova atividade como tradutor juramentado e intérprete comercial nomeado pela Junta Comercial do estado do Rio Grande do Sul (essa imagem do post é o meu logo). Estou divulgando meu trabalho neste blog aqui http://juramentadars.blogspot.com/,
caso precisem ou saibam quem precisa, é só entrar em contato.
Que tenhamos todos um grande 2011, com muito dinheiro, saúde, idéias, amor, música e paciência.


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