sexta-feira, 25 de março de 2011

Viva o coronel


Pois aí está, a lei da ficha limpa só vale para a próxima eleição. Questão de ordem, eles defendem. Não dá para fazer as coisas assim, na bagunça. A lei tem que ser só para o ano seguinte ao da eleição em questão. Que país sério e organizado que somos, quanto orgulho em saber que cumprimos as leis de modo tão aplicado. Que bom saber que Jader Barbalho vai representar o orgulho e a dignidade do sábio povo paraense e brasileiro no congresso, ele não é um fofo? Ah, eu se ainda morasse aí na Barbalholândia teria votado nele, não é? Vocês são umas graças. Um beijão para vocês, é assim mesmo que se sai do terceiro mundo, valorizando nossos queridos coronéis. 
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quarta-feira, 23 de março de 2011

Paixões



Times de futebol despertam interesse, curiosidade, temas para debates filosóficos. O que desperta paixão são as mulheres, as obras de arte e o conhecimento. 

sexta-feira, 18 de março de 2011

Mais gentileza


          
            Estava lendo sobre a tragédia no Japão, e me chamou a atenção o fato de que para cada notícia que abre comentários dos leitores há sempre gente xingando e ofendendo. Tudo o que acontece, tudo o que se faz é motivo de apedrejamento verbal. Se alguém quer ajudar as vítimas no Japão, vem alguém e ataca a pessoa porque ela não está ajudando a África. Se alguém defende os ciclistas atropelados em Porto Alegre, vai haver outra pessoa para defender o agressor, e assim por diante. A Internet é um campo aberto para a grosseria, as ofensas e os comentários superficiais.
            Aqui, vamos remar contra a corrente. Como já disse antes, estou cansado de gente que acha que ter atitude é falar o que vem à cabeça sem se importar com as conseqüências e com quem vai ser ofendido. Tudo bem, somos humanos, temos nossas preferências, eu já falei mal do sertanejo universitário, mas há limites. Ofender quem está ajudando as vítimas do Japão é além do limite. Agredir por agredir sem nem pensar antes é imaturo e só polui a Internet. A ofensa gratuita, que na vida real nos controlamos tanto para não cometer, na ponta dos dedos no teclado parece vir tão facilmente...
            Que ajudemos o Japão, sim. Que sigamos fazendo nossas coisas, sendo criativos, solidários e inovadores, e que os grosseiros inconseqüentes se intimidem, não nós. Gentileza gera gentileza. 

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quarta-feira, 9 de março de 2011

A grandeza de Porto Alegre



Mais uma vitória impressionante de um time que sempre surpreende: a conquista do primeiro turno do gauchão pelo Grêmio. O empate nos acréscimos, a garra e a capacidade de superação fizeram desta partida a melhor do ano até agora.
            Quanto ao Caxias, o time e a cidade, um detalhe: o único jogador que conseguiu marcar gol nas cobranças de pênalti deles era negro. Altivo, elegante, o único que se livrou do vexame. Lembro que quando visitei Caxias com um amigo aqui de Porto Alegre, ele estranhou sermos tão mal recebidos. Ninguém nos dava nem informação na rua! Nosso problema? Na época eu era cabeludo, e ele era e sempre será negro. Simplesmente. Um membro de uma das raças que tanto contribuiu e contribui para o que nosso país tem de melhor em tantas áreas, esnobado por lá por um detalhe desses.
O que desejo para Caxias é: que os seus melhores jogadores tenham a pele negra, reluzente, bela, épica. E que vocês um dia aprendam a lidar com isso, não só no futebol. Porto Alegre e o Grêmio (o Inter também) são grandes porque comportam gente de todos os jeitos, de todas as origens. Absorvem o que temos de melhor e nos ajudam a tornar o Rio Grande ainda maior. Porto Alegre é uma grande metrópole do Brasil e do mundo. Outras cidades que queiram esse posto têm de estar preparadas para a complexidade e a diversidade, ou então vão continuar sempre sendo provincianas e pequenas. 
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terça-feira, 8 de março de 2011

Quem inventou a natureza?


           Muita gente critica o homossexualismo por ser “anti-natural”. O que essas pessoas dizem, então, do fato de que em quase todas as espécies de animais ele existe, e não só quando há escassez de parceiros de outro sexo? Os animais, como os humanos, fazem isso porque gostam. Se existe com tanta freqüência na natureza, por que é anti-natural? 
A idéia de algo “natural” muitas vezes existe para justificar ações que são convenientes para determinados setores da sociedade e manter o status quo. Quem tem a autoridade de dizer o que é natural e o que não é? A quem foi dado o poder de legislar sobre, em última instância, o que é certo e errado? Será natural que as meninas gostem de rosa e queiram se vestir de princesas? E que os meninos gostem de carros e futebol? A natureza nos fez assim, ou só estamos mais uma vez tomando como natural algo que foi criado historicamente?
            Leiam este texto esclarecedor da revista Superinteressante sobre o tema. 
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quarta-feira, 2 de março de 2011

Sobre o funk carioca



Vamos lá, aproveitando o final das férias para mexer em casa de caba (“vespeiro” para os gaúchos), vou falar de funk carioca. Sim, ele mesmo, com suas popozudas e tchutchucas. Não vou malhar nem babar ovo, vou pensar a respeito.
O ritmo (ritmo mesmo, a batida, não o que o senso comum chama à melodia) é forte, e ouso dizer que é cativante. O funk tem um significado social bem claro também: é música de periferia que chegou à classe média, com todas as contradições possíveis. Eu, que sou emblemático em contradições, posso falar a respeito, já que venho da periferia mas sempre fui do rock, do cinema e da literatura.
Se o ritmo é forte, não se pode dizer o mesmo da parte instrumental. Não há arranjos sofisticados, é um som cru, sem refinamentos. As letras são agressivas, por vezes debochadas, chocantes. Algumas inclusive incitam ao crime e estão associadas a facções criminosas, que é o chamado “proibidão”. Há também demasiada repetição dos refrões para o meu gosto, o que deixa o ritmo meio monótono. A sexualidade é tratada de maneira explícita, sem rodeios nem metáforas: “cala a boca, não te espanta, eu vou gozar na tua garganta” que além de grosseira, é bem degradante para as mulheres - ou eu estou sendo ingênuo e perdendo algo da malandragem que faz com que muitas mulheres gostem e se identifiquem com esse tipo de letra.
Pensando bem, descubro que não gosto de letras com esse nível de grosseria, ainda acho que com sutileza se consegue mais impacto - tanto que os funks que consegui gostar são os mais light, como “se ela dança, eu danço” ou alguns do Claudinho e Buchecha. Para quem já foi punk na adolescência, é engraçado escrever essas coisas, mas o fato é que frases como “bate na palma da mão, balançando o popozão” estão tão longe da minha subjetividade quanto Chopin estava dos Sex Pistols. E eu não conseguiria me referir a uma mulher como “cachorra” com o tom de malandragem deles, é muito fora da minha realidade. Não é moralismo, é só uma subjetividade diferente. O funk americano me atinge bem mais, afinal é dele que vem o mestre James Brown, só que aí já é outro contexto.
Mas enfim, com um pouco mais de trabalho harmônico e umas letras menos rudes, daria para encarar. 
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