Estamos preparando agora o novo Brasil. Um pouco melhor que o de antes, mas ainda com muitos dos problemas antigos (corrupção, fisiologismo, conservadorismo, etc) e alguns novos para os novos tempos. Essa pulverização em diversos estados, que para muitos se apresenta como uma solução, me parece no momento mais uma maneira de fazer com que os velhos problemas se multipliquem. Nós gostamos tanto de nossos políticos que vamos dar a chance de eles se reproduzirem mais ainda! Mais deputados, senadores, governadores. Ao invés de criarmos desenvolvimento nas regiões mais pobres através de incentivos aos setores produtivos, estamos multiplicando o que temos de pior: o animal político.
O que será do Parazinho depois da divisão? Já não somos grande coisa agora, mudaremos da noite para o dia? Vejam o exemplo do Tocantins: dividido de Goiás, não mudou grande coisa, continua com uma elite pequena e uma classe baixa bem ampla. Marabá será a nova Curitiba? Santarém vai virar uma Porto Alegre? Não acho muito provável, mas enfim, não podemos nos reter a nossa visão Belemcêntrica. O interior tem o direito de escolher seus próprios caminhos, mas baseado em outras regiões que conseguiram um padrão de vida melhor podemos ter certeza de que não são os políticos que puxam o desenvolvimento: é a cultura. Tem que estar na cabeça e na prática diária das pessoas a idéia de cidadania, de crescimento, de melhora. Na cabeça da maioria dos sulistas estas idéias estão bem claras. Nós, do norte, temos muito o que aprender ainda em termos de organização da sociedade de maneira igualitária e baseada no esforço e no mérito. Temos que aprender a repudiar o coronelismo e o populismo, e ser mais donos de nosso próprio destino. Temos que deixar de lado a auto-condescendência, a nostalgia e o fatalismo e olhar para o que pode e deve ser feito agora.
Temos muitas coisas boas e muito potencial, mas o mundo está cobrando de todos uma postura ativa e corajosa agora. Para sobreviver teremos que nos reinventar, seja como Parazão ou Parazinho. Fragmentada ou não, a Amazônia está em uma encruzilhada. Belém vai completar 400 anos em breve, e temos que decidir se queremos comemorar esse aniversário de cabeça erguida, com bravura e confiança, ou se vamos continuar de cabeça baixa, dizendo amém aos Barbalhos e Maioranas da vida e sonhando com o que já passou.
Eu vivo no presente, porque é o único tempo possível. É aqui e agora que dou meu sangue, meu suor e puxo toda a minha capacidade para ter uma vida mais digna, mais criativa e menos quadrada. Em que tempo vive o Pará? Em que tempo vive Belém?
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