terça-feira, 31 de março de 2009

Na trincheira, sempre


Com a maturidade física e psicológica que a duras penas consegui alcançar, muitas coisas mudaram: Idéias radicais tornaram-se equilibradas, o desejo de ser notado foi substituído pelo de passar despercebido, o anarquismo original se tingiu de pragmatismo social-democrata. Por questão de adaptação e estratégia, mais do que por prazer, cuido de minha aparência. Por questão de bom senso, cuido de minha saúde. Tenho prazer em manter meu apartamento limpo e organizado, ao invés da bagunça histórica que me acompanhava.
No entanto, certas coisas não mudam. Os inimigos continuam os mesmos: os conservadores, os reacionários. Os racistas, que são tantos e andam tão à vontade nesta província sulista. Eles falam abertamente o que pensam, contam piadas, arrotam e peidam seu nojo pela pele escura aos quatro ventos, sem um pingo de vergonha. Se tu que estás lendo isto me conheces superficialmente, saibas logo desde já: sou amigo de negros. Toco suas mãos, os abraço. Eles bebem água de meu copo, cerveja de minha tulipa. Se tens nojo, nem te dês ao trabalho de me conhecer melhor. Sai deste site e procura tua turma.
Os paraenses podem achar estranho que eu precise dizer isto, afinal somos um povo de “morenos”, e a cor da pele para nós é só um detalhe. Mas aqui no sul é preciso marcar posição. É preciso que eu diga que não sou branco, que tenho orgulho de ser brasileiro e de meu sangue mestiço. Que sem negros, sem japoneses, sem árabes, sem judeus, sem gays, sem índios, sem diversidade enfim, este país seria um tédio.

Um comentário:

Marcus disse...

Onde é que eu assino?