terça-feira, 21 de abril de 2009

Os times não significam nada


Desde o ano passado venho tentando introduzir racionalidade em um terreno que é bastante refratário a ela: o futebol. Os times de futebol, por exemplo: o que eles significam? A resposta padrão é que o time para o qual se torce representa valentia, grandeza, coragem e superação, enquanto que os outros, especialmente o arqui-rival, representam covardia, roubalheira, viadagem, tudo de ruim que é possível conceber. Qualquer conversa a respeito se dá no plano discursivo: já sabemos de antemão quem são os bons e os malvados, só resta encontrar o meio mais astuto de provar isso. A racionalidade aqui pega mal, é coisa de quem não sabe brincar. Colocar-se no lugar do outro significaria admitir fraqueza, então está fora de cogitação.
Tudo muito bem, só que pensar e tentar me colocar no lugar de outros são meus esportes preferidos. Peguemos alguns times: Flamengo, Internacional, Palmeiras, será que significam algo a priori? Eles têm uma história, têm personagens que vêm e vão, mas o clube, qualquer clube, não tem uma essência imutável e gloriosa ou sempre odiosa. Por vezes os times são bravos e destemidos, por vezes são covardes, e outras jogam de maneira pragmática e cínica. Escolher qual desses momentos queremos enfatizar depende do capricho de se dizer torcedor de um ou de outro. O amor e o ódio que se tem pelos times, por mais intensos que sejam, ou justamente por isso, são apenas amor e ódio: Afetividade aplicada a algo com o qual não temos sequer uma relação direta, pois não estamos em campo jogando. Somos observadores que ganham um salário infinitamente menor que as estrelas do gramado.
Então, se é para suspender a razão, para deixar que a passionalidade pura tome conta, o esporte não é meu campo prioritário. Muito menos a religião ou a política. Minha racionalidade sucumbe com prazer frente à experiência estética e às pessoas com as quais me relaciono. Apenas pela arte e pelos entes queridos abandono a racionalidade.
Mas claro, como não sou chato nem mal humorado, acompanho os campeonatos, observo os sofrimentos e as alegrias das pessoas, por vezes até me empolgo com um grande jogo, mas sempre sabendo que tudo é efêmero, e com aguda consciência do meu salário junto aos salários deles.
Assim sou eu. Nem melhor, nem pior, apenas eu mesmo. Viva o Paysandu. Viva o Remo. Viva o futebol bem jogado, honesto e aguerrido, seja de quem for.

2 comentários:

Marquinhos disse...

os times de futebol tem muito valor porque quem torce é aquele que ama de coração seu time.
Portanto tudo que existe têm é valorizado por alguém!!!!!

Marquinhos disse...

os times de futebol tem muito valor porque quem torce é aquele que ama de coração seu time.
Portanto tudo que existe têm é valorizado por alguém!!!!!