domingo, 6 de dezembro de 2009

Bola murcha



O que é preciso para ter paixão por um time de futebol? Estar no campo, sentir-se parte de um organismo forte e vigoroso chamado torcida? Atribuir um significado mágico e glorioso a uma camisa, uma cor, um símbolo?
Em que esquina do caminho eu perdi isso tudo?
Quando a racionalidade começou a invadir sorrateiramente o mundo da paixão, e encher de perguntas um texto que antes só continha exclamações?
Quando a consciência do salário deles ficou tão importante?
Não sentirei eu falta de sentir dor e alegria legítimas por um time, ao invés desta curiosidade descompromissada?

Claro que não, né, mané!
Eles não pagam minhas contas no fim do mês nem têm nada a dizer sobre o filme da Coco Chanel. Eles não conhecem Dostoeivski, não assoviam canções do Echo & The Bunnymen nem me conseguem uns dias a mais de férias.
Estar cético sobre a paixão futebolística no Brasil é como ser ateu em um país ultra-católico como o México. É interessantíssimo! Revoltar-se contra a igreja no Brasil não é nada, eu quero ver é um homem adulto admitir que não se interessa por futebol. Esse sim merece meu respeito.



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