segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Alanismo é curiosidade


Durante a vida, várias vezes fui e serei chamado de hipócrita. Os que tão carinhosamente assim me chamam não conseguem conceber o que para mim é tão fácil, tão espontâneo: curiosidade. Ao deparar-me com pessoas, estilos de vida e culturas diferentes dos meus, minha primeira reação não é de rejeição, mas de curiosidade. Quero saber como o mundo funciona, como se formam diferentes maneiras de pensar, de agir, de sentir. Sempre fui assim, e estou bastante satisfeito assim sendo. Ora, para quem está acostumado a viver entrincheirado em uma posição, isso só pode soar como demagogia, hipocrisia e pieguice. “Que se interessar pelo diferente o quê, vai crescer, moleque!” E o moleque vai, cresce, mas continua sendo moleque.
Querer conhecer não significa não ter opinião, nem ser obrigado a gostar de tudo. Há coisas que não empolgam, evidentemente: Funk carioca, João Gilberto, filmes de ação, zumbis, paixão por um time, enfim, a gente sempre seleciona. Mas um dia eles também foram diferentes e estranhos, e eu prestei atenção a eles. Tiveram sua chance. Não me seduziram. Seguimos em frente, atrás de outras seduções. Seguimos sempre em frente no infinito processo de conhecimento e reconhecimento, que implica em se permitir dar uma chance. Curiosidade não é hipocrisia nem pieguice, é um modo de estar no mundo e manter a mente aberta, a espinha ereta e o coração tranqüilo.

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