terça-feira, 12 de maio de 2009

Auto-ajuda é piegas?


O gênero é campeão de vendas nesta era de tantos problemas e tanta gente perdida. Há auto-ajuda para todos os gostos e necessidades: como ficar rico, como transar melhor, como conquistar as pessoas, como melhorar a auto-estima. Tudo é válido, evidentemente, quando se busca melhorar como ser humano. Há que se tentar de tudo. Existe, no entanto, um problema: as tentativas são pessoais demais. Quer dizer, não há livro de auto-ajuda que sirva a todas as necessidades. E ter de ler o que não se precisa, ou com um tom que não é o que nos agrada, é uma experiência basicamente piegas. Auto-ajuda só funciona em condições muito limitadas: tem que ser a coisa certa no momento certo, e no tom certo. Muito específico. Não adianta achar que o que foi maravilhoso para nós em uma hora vai servir igualmente a todos.
Dostoievsky, por exemplo, tem sido bem mais útil em minha vida que qualquer livro de auto-ajuda, mas eu não mando mensagenzinhas em PowerPoint com trechos de Crime e castigo para as pessoas. Nem acho que ele vá servir para os outros como me serviu. A intensidade de minha experiência com ele pode ser compartilhada por alguém que tenha tido experiência semelhante, mas não pode ser embalada e dada de brinde.
Bom, então respeito muito todo tipo de tentativa. Todos nós sofremos e queremos melhorar. Só que nem a bíblia nem o alcorão, nem a torá nem o tao te king, nada é universal, embora todos eles possam conter mensagens universais. Os momentos e as necessidades das pessoas é que são (felizmente) tão diferentes.

Um comentário:

Charles Rubowski disse...

Eu cito "Ham on Rye" do Bukowski, bem na prateleira de títilos de "auto-destruição".
Rubens Carneiro