quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Constrangedor




Em casa, leio as confissões de Santo Agostinho. A TV sem som mostra um jogo entre Palmeiras e Sport Recife. De vez em quando um torcedor aparece em atitude passional: choro, desespero, alegria incontida, ódio.
Desde o ano passado uma sensação me acompanha quando vejo esse tipo de coisa: constrangimento. É simplesmente constrangedor ver adultos investindo tanta energia e paixão em vão.
Em alguns momentos de minha vida já entendi isso, e até já senti algum arrebatamento ante uma grande partida. Hoje em dia, apenas observo e fico com vergonha pelos torcedores. Comparo o salário deles com os dos jogadores e cartolas. Comparo o futebol a uma igreja milionária que se sustenta explorando a boa vontade dos fiéis.
Minhas igrejas são outras, já sabem. Imaginemos apenas, caros leitores, que belo país teríamos se essa energia toda que gastamos com os times, gastássemos com nossa educação, saúde, qualidade de vida, justiça social. Se essa indignação ante um impedimento mal marcado fosse transformada em indignação ante a miséria, a injustiça, o preconceito. Se vestíssemos a camisa de cidadãos ao invés da camisa de um time, que belo espetáculo faríamos. Seríamos de fato os melhores do mundo.
Sei que futebol é alienação e êxtase, mas confesso que o lado êxtase tem sido cada vez mais difícil de perceber, de sentir. Estou, pelo segundo ano consecutivo, me desfutebolizando.

Um comentário:

Rubens Carneiro disse...

Ô povinho!! Deus,perdoai-lhes!
Nunca sabem o que fazem...
Seja bem vindo Alan.