quarta-feira, 14 de abril de 2010

O senso comum é tri violento


Será que a única coisa que tem essência é a baunilha? Que tudo o que somos é complexo, multifacetado e construído socialmente, que não há uma essência metafísica imutável? Em caso afirmativo, abre-se um campo imenso para a liberdade individual. Imaginem: a cor da pele é apenas um dado genético, nada diz sobre o caráter, as potencialidades da pessoa. O time para o qual se torce, o lugar onde nascemos, a religião ou partido político ao qual aderimos...tudo apenas pequenos elementos que se perdem na complexidade que forma um ser humano. Rotular é isso: escolher aleatoriamente um desses milhares de elementos que nos compõem e dizer que ele é o que de fato nos define.
O que me define como pessoa pode ser uma tarde em que olhei a chuva na Praça da República, mas como isso vai caber no rótulo? Ou o esforço que fiz para comprar um apartamento, o fato de preferir manteiga a margarina... de todo o amontoado por vezes caótico de experiências, sensações, valores e preferências que carregamos, e tudo o que esquecemos, é que falamos quando nos referimos a nós mesmos. E isso tudo pode mudar muito em dois, três ou nove anos.
Deixemos a essência para a baunilha, e tentemos olhar o mundo de modo menos apressado. O senso comum, que nos leva a buscar respostas simples e confortáveis, carrega consigo uma violência real e simbólica muito grande. A preguiça e a má vontade para com a complexidade do mundo têm trazido conseqüências terríveis, a história é rica em exemplos. O senso comum nos leva a excluir, desprezar, ridicularizar e fechar portas.
Ir além disso dá trabalho, eu sei, mas vale a pena: ampliar ao invés de reduzir. Expandir e incluir, ao invés de limitar e barrar. A diferença, ao invés da monótona ditadura dos iguais, o mundo como ele é, não como nossos pais disseram que deveria ser.

2 comentários:

Charles Rubowski disse...

Mao acho q minha definição poderia ser aquela sessão da tarde em que vi a princesa Léia com sumários trajes de escrava espacial aos pés do nojento Jaba (desculpe, sei q Jaba não tem pés mas a frase pediu mesmo ...)

Charles Rubowski disse...

Ei Alan. To indo pra Belém dia 3 de maio com meu filho Davi. Quando vc vai à cidade da chuva? Queria q conhecesse o rapaz.