segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Vamos acodar, emergentes!



Neste país, uma das atitudes mais criticadas parece ser a de “posar de intelectual”. Dizer que não gosta de novela nem de big brother, que não ouve funk nem sertanejo, tudo isso pega muito mal: “metido a intelectual”, apontam o dedo na cara de quem ousar contradizer o gosto da maioria.
Acho que está na hora de sermos menos condescendentes com o senso comum. Não é vergonha nem pose forçada querer qualidade, querer sofisticação, querer lidar com produtos elaborados por gente que realmente domina o que faz. Se fazemos tanta questão de consumir produtos de qualidade em outras áreas, notadamente nos objetos, acessórios, roupas, o que nos impede de ser exigentes em relação aos produtos artísticos e midiáticos que consumimos?
            Se quero sapatos, computadores e celulares de qualidade, também quero livros, filmes, programas de TV e música de primeira. Se vou comprar um belo carro importado, no meu som vai rolar Beethoven, não vai ter sertanejo. Se meus óculos são caríssimos, é com eles que vou ver filmes e programas que não me tratem como idiota.
Nós, brasileiros, frequentemente nos contentamos com pouco em termos culturais. Agora que chegamos à classe C, que temos mais poder de consumo, está na hora de nos posicionarmos à altura. De começarmos do mais básico: perder o medo dos livros, pensar se realmente queremos ouvir exclusivamente músicas simplórias falando de amor e de festas, arriscar ver filmes um pouquinho mais elaborados. Não adianta chegar a um certo poder aquisitivo se nossos hábitos, nossa mentalidade e nossa (falta de) ética continuam lá em baixo.
Emergentes e vindos do subúrbio, sim, não temos como negar nossas origens. Ficar acomodados na mediocridade, jamais. 


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