Domingo triste para o Pará e o Rio Grande do Sul: no mesmo dia perdemos Moacyr Scliar e Bendito Nunes.
Scliar eu lia desde adolescente, quando caiu em minhas mãos um exemplar de A balada do falso messias. Aqueles contos estranhos, aquela atmosfera quase surreal me cativaram logo, e nestes últimos vinte anos outros tantos livros do grande médico porto alegrense me fascinaram: O exército de um homem só, A guerra no Bonfim, A festa no castelo, A orelha de Van Gogh... De nosso mestre Benedito Nunes ficam suas profundas lições de filosofia e literatura – um dos poucos brasileiros que explicava Heidegger, um dos que iluminaram nossas leituras de Clarice Lispector.
Tristeza de norte a sul, e o consolo de que em algum lugar além de nossa compreensão estas duas figuras geniais estão travando um diálogo daqueles, com a marca da cordialidade e da sabedoria que tanto os caracterizaram.
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Um comentário:
Alan,
soube da morte do Bené pelo meu amigo Edir Gaya, jornalista, que tava de plantão à noite, enquanto eu mixava o disco do Clepsidra. me vieram à cabeça as minhas primeiras aulas de filosofia da arte na UFPa, e de como sempre me encantava ao ver o mestre falando, com a cordialidade e a simplicidade (o que não significa falta de erudição, e sim abundância de humildade) que apontaste muito bem. e assim, ficamos um pouco mais pobres...
abraços!
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