quarta-feira, 13 de abril de 2011

Os novos sete pecados



Acabei de saber que a igreja católica adicionou sete pecados aos famosos sete que já existiam. Os novos seriam atualizações para o nosso tempo. Não gosto de entrar em discussões de religião, acho que cada um sabe de si e vários caminhos podem levar à verdade, mas como o catolicismo tem muita força em nosso país, vale à pena analisar os novos pecados e nos posicionar.
O primeiro tem a ver com experimentos com células tronco. Entendo que precisamos ter limites éticos na ciência, mas historicamente a igreja tem se mostrado em descompasso com o conhecimento científico, quando não brutalmente contra os avanços tecnológicos. A ciência pode ser arrogante e cega às vezes, mas ainda é bem mais realista e democrática que a igreja católica. Essas pesquisas condenadas podem vir a salvar muitas vidas e aliviar o sofrimento de muita gente. Vai dizer para alguém que ficou paraplégico que a esperança de cura dele é um pecado...
O segundo é o uso de drogas. Concordo que qualquer exagero contra o próprio corpo e a própria saúde é prejudicial, só acho que devemos ter cuidado para não sermos hipócritas condenando quem fuma maconha enquanto tomamos nosso álcool bem tranqüilos, só porque de modo arbitrário em nossa sociedade um é permitido e o outro não.
Outro novo pecado: poluição do meio ambiente, este finalmente um belo acerto. Outro: agravamento da injustiça social. Nosso mundo é muito injusto, e a igreja católica muito contribuiu para isso. Interessante postularem a injustiça social como um pecado hoje em dia, espero que não seja só discurso.
O próximo é riqueza excessiva, e não posso concordar com este. Se a pessoa trabalhou honestamente, foi competente ou teve sorte, e se não enriqueceu como nossos políticos, acho perfeitamente justo que usufrua disso, que gere emprego e riqueza, e que aproveite o que conquistou. Chega de coitadismo, do discurso do pobrezinho conformado. Precisamos de gente empreendedora e muito honesta neste país, e sim, as duas coisas devem vir juntas – riqueza e honestidade.
O outro pecado é a geração de pobreza, o que corrobora o anterior: se temos gente empreendedora, ficamos mais ricos. Se somos honestos e respeitamos o mérito de cada um, temos uma sociedade igualitária e justa.
Último pecado: controle da natalidade. Os séculos passam e a igreja católica não aprende a lidar com a sexualidade humana de maneira adulta e responsável. Preferem continuar infantilizando as pessoas e tapando o sol com a peneira. Este último pecado é um grande desserviço a todos os fiéis, e contraditório com o pecado de não gerar pobreza: sem controle da natalidade, mais um monte de gente pobre no mundo, mais problemas de gente rejeitada pelos pais, etc. Os protestantes são sensatos o suficiente para permitir o casamento dos pastores, o que já um grande avanço.
Estes são os novos pecados de uma instituição muito antiga, que tem muitos méritos e inegavelmente faz bem a muita gente, por isso merece ser respeitada. Mas não podemos concordar cegamente com tudo, é preciso pensar sempre, mesmo sobre coisas que têm mais a ver com fé do que com racionalidade, porque estes pecados são criados historicamente, e acreditar que são pecados influencia no comportamento que teremos em sociedade. 

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