quarta-feira, 30 de junho de 2010

A Suécia amazônica


            
Nós, paraenses, somos um povo sofisticado. Nunca elegeríamos alguém que já cometeu qualquer tipo de fraude, como se passar por médico sem ter diploma. Uma afronta a qualquer bom senso. Também jamais permitiríamos que houvesse em nosso território algo tão infame quanto o trabalho escravo. Jamais. Outra coisa que nunca faríamos: permitir que a política seja feita por coronéis, no estilo mais bizarro e caricato que só a América latina sabe produzir. Repudiamos qualquer tipo de paternalismo e coronelismo na política. Queremos gente honesta, discreta e capaz.
            Quanto à convivência com os vizinhos, somos muito sensatos: sabemos que um trabalhador precisa descansar, então nunca tocamos música alta após as dez da noite. Também nosso excelente transporte público é silencioso, agradável e cheio de profissionais qualificados e muito bem educados. Respeitamos o silêncio nos ônibus, assim ninguém é obrigado a ouvir músicas de que não gosta.
            Tudo isso aliado à nossa estrutura de primeiro mundo de esgoto, água e coleta de lixo nos deixa aptos a receber qualquer evento como copa do mundo ou olimpíada. Somos limpos, organizados e bastante focados em tudo o que fazemos. Honramos nossas tradições cabanas, lemos nossos escritores com a devida atenção, sabemos nossa história com detalhes, e planejamos nosso futuro de maneira lúcida e altiva.
            Cuidamos muito bem de nossos times de futebol, com administrações competentes que os colocam sempre entre os melhores do país, levando apenas alegria às imensas torcidas.
            Em ano de eleição continuemos assim, essa verdadeira Suécia amazônica. 




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