terça-feira, 29 de junho de 2010

Superstição não é só uma chatice: é um perigo

Tudo bem, estou torcendo pelo Brasil e envolvido no clima da copa. Mas o olho segue aberto para os exageros. Lembremos sempre: é só um jogo. E, muito importante: não importa o que façamos, não importa a cor de nossa cueca nem o lugar onde sentemos, não vamos influenciar o resultado do jogo. Só quem pode influenciar isso são os jogadores, o técnico, enfim, quem estiver diretamente envolvido.
Torcer, sim, mas entrar nessa obsessão midiática por coincidências e superstição não. O jogo quem ganha são os jogadores em campo, com esforço, técnica, garra. Só isso. Nós somos meros expectadores. Não importa o número de letras do nome de ninguém, nem o planetinha tal, nem a cor tal, nem a macumba tal. São os onze lá dentro do campo quem ganham, e nós aqui, torcemos. Simples assim.
Superstição é algo muito perigoso. Quem acredita e leva a sério a astrologia, por exemplo, não é muito diferente de um racista. Explico: pré-julgar alguém por ter nascido em tal signo é o mesmo que pré-julgar pela cor da pele. E não me venham com essa ladainha de que nós sempre pré-julgamos, não vamos desviar o foco aqui. Ter nossas opiniões é uma coisa, mas influenciar diretamente o projeto de vida de outra pessoa é bem diferente.
Imaginem gente deixando de conseguir um emprego porque o chefe não gosta do signo tal, ou porque a numerologia do nome do candidato não é auspiciosa. É o mesmo que não contratar um baita profissional pelo fato de ele ou ela ser gay ou negro, ou ter orelha de abano ou não gostar de doce de leite.
É chegado numa mandinga, irmão? Tudo bem, seja feliz. Há algo de folclórico e engraçado nisso, sem dúvida. Mas não deixe de ver a beleza e a complexidade das pessoas. Não deixe de duvidar, e de ter humildade para aceitar que muitas das coisas que acontecem podem não ter conexão causal entre si, ou estar simplesmente além de nossa capacidade de interferência. 

(Minha contribuição para o "Cala a boca, Galvão")
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