quinta-feira, 20 de maio de 2010

Garra e malandragem são necessárias









Nós, homens adultos, frequentemente desprezamos os jovens, os chamamos de “moleques”. Pensei nisto ontem após a vitória dos meninos da Vila sobre os homens do Grêmio. O tricolor gaúcho, valente, glorioso e aguerrido, sucumbiu mesmo jogando bem (o primeiro tempo) ante à força ofensiva dos meninos do Santos. Em especial notei como bateram e agrediram o Neymar, o mais franzino de todos. O futebol atual, jogo para homens, não admite que um moleque fracote venha se meter a engraçadinho. Então meta-lhe porrada para ele aprender...
            O futebol é um jogo: emocionante, interessante, curioso, mas apenas um jogo. Não é uma paixão, não é a vida. É um jogo que acompanho agora com interesse renovado. E se não é a coisa mais importante da minha vida, não tenho por quê ficar irritado quando alguém faz uma suposta “molecagem”, quando joga com alegria. Como o que mais importa na minha vida são meu trabalho, as pessoas próximas, a arte e o conhecimento, como o esporte e a política são esferas periféricas, eu posso aprender a rir. Não é uma guerra, não são soldados defendendo uma causa épica: é um jogo. E no jogo, a malandragem, a sutileza, a leveza, às vezes valem tanto quanto a garra e a disciplina.
            Admiro muito a garra e a força do Grêmio, mas ontem elas não foram suficientes. Que nós, homens, aprendamos estas lições: não desprezar a juventude e a alegria, o improviso e o senso de humor em nome de uma suposta guerra. A guerra mesmo é a guerra da vida, e nela um pouco de malandragem e alegria na medida certa garantem nossa sobrevivência em tempos difíceis. 


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