Envelhecer deve ser isso, então: achar que a música que a gurizada ouve é só barulho. Quando pensamos isso, estamos começando a ficar velhos. E a gurizada ouve umas músicas sem pé nem cabeça, com um cara de cabelo lambido berrando umas letras melosas. Será que era isso o que meus pais achavam quando eu ouvia Ramones aos quinze anos? Uma barulheira sem sentido?
Sim, eles ainda têm guitarras, pesadinhas até. Têm bateria de verdade, são esforçados...mas falta algo. Falta letra, falta densidade poética, falta não ostentar o sofrimento como uma coisa bonitinha e fofa. Sofrer não é bonitinho: é foda, é duro. Comparemos uma banda como Joy Division, que eu ouvia na adolescência, com as de agora, em termos de letra: covardia pura, são mundos muito diferentes. Não adianta nem tentar.
Vamos ver se nessa década que agora começa nosso velho rock'n'roll vai voltar mais inspirado, e se a gente vai poder curtir o mesmo som que nossos sobrinhos ou filhos curtem. Será?
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